domingo, 6 de novembro de 2011

Filme: A Liberdade é Azul


Produção franco-polonesa de 1993, "A Liberdade É Azul" é o episódio inicial da consagrada trilogia das cores de Kieslowski, seguido por:  "A Igualdade É Branca" e " A Fraternidade É Vermelha", ambos de 1994, todos inspirados nos ideais da Revolução Francesa.
               
A Liberdade É Azul é um filme de bela fotografia e que tem suas mensagens muito mais ligadas ao sentimento em relação às imagens associadas à música do que às falas, propriamente ditas. Com uma cena inicial extremamente bem montada, numa linguagem muito diversa da previsivel construção hollywoodiana, Kieslowski mostra logo de cara sua poesia sem poema num acidente de carro onde a protagonista perde o marido e a filha e se vê diante de uma liberdade que semanticamente pode ter um significado terrível.


Interessante que nesse mesmo ano Juliette Binoche recusou o papel principal oferecido por Steven Spielberg no filme campeão de bilheteria Jurassic Park para protagonizar A Liberdade É Azul. Sem falar que Catherine Deneuve já havia anos antes se oferecido para filmar de graça com Kieslowski. São exemplos como esses que demonstram todo o talento e prestígio do diretor polonês.




E foi em estado de êxtase e pura admiração ao assistir à cena do acidente acima citada, que me veio o poema abaixo:



 

TRIBUTO A KIESLOWSKI

Uma roda que roda
Depressa demais
Nesse mundo que é cinza e roda
Depressa demais
A menina que ao vidro acha tudo
Demorado demais
Na janela uma mão sente o vento bater
Forte demais
O homem só acelera
E não aparece jamais
Noutro extremo da estrada o rapaz e seu jogo que espera
há tempo demais
quer ganhar  mais um ponto,  carona
e nada mais
O carro que vem e  que passa
Depressa demais
Barulho, explosão, fogo  e corre rapaz 
E a menina que não há mais
E o homem que não há mais
Há só um suspiro,
a mulher, sua dor
e  a liberdade que é azul



                 Haroldo Porto

Um comentário:

Anônimo disse...

Poema lindo, e literalmente vc vê o filme fotografado em palavras, lembrei de um poema de um cara chamado Luís Augusto Cassa, poeta maranhense que tem uma chamada "Casablanca" nossa, vc também vê o filme ali, pena que aqui na net não encontrarás esse texto, depois te passo. Abração!!!
(Santorine)