Fui ao velório do samba
E fiquei decepcionado
Quando cheguei chorando
E acabei por saber
Que o malandro era o culpado.
Com três golpes de navalha
E um acorde fora do tom,
O Samba agonizando
E o homicídio consumado E agonia não acabava ,
Uma tristeza daquelas que devora
O jovem senhor deitado,
Num linho branco sem igual
E ao redor nem Maria nem Aurora
Só uma mulher chorava.
E o pior que era a matriz
Não era nem a filial.
Pro coitado do samba
Já chegada a hora dos sete palmos
Seu nome indo pra lama
E nada de fita amarela
E nem de roda de bamba,
Não tinha mulata e nem harmonia
Só uns senhores bem calmos
Que tomavam água que nem ardia. Foi quando Amélia me acordou:
Acorda que o Arnesto ta ai foraMeu coração aí se aliviou
E eu me levantei sem demora
Peguei meu chapéu branco
Ajeitei meu anel de bamba
E fui pra casa da nega...
Ver o sol nascer com o Samba
Haroldo Porto
Um comentário:
Parabenizo-te pelo blog, pelas criações e pelo talento. Esse texto "Velório do samba" é show. Feliz 2014. ZZ
Postar um comentário