domingo, 13 de novembro de 2011




Deparo-me bem cedo
Com esses seres sérios
Que vivem o trabalho.
Taiers, saltos, pastas e gravatas.
Eu, poeta medíocre, que ando
Nos últimos tempos,
Envolvido com o trabalho de viver
Me afundo em vertigem
E me apoio no balcão.
Me vem a lembrança do encontro marcado,
Não o do Sabino, o do salário
Processos, carimbos, protocolos
E minha máquina de escrever,
contemporânea e com vírus.
Reequilibrado, peço três pães
E um jornal pra não ler.
Volto pra casa, vou tratar de minha cinefilia,
Dar palpites no almoço e observar o sol,
Até meio-dia, quando eu meio sério,
Pego Drummond e o ônibus.


Haroldo Porto


Um comentário:

Cristiane Girassol disse...

É poeta.. mergulhar no trabalho é um forma de se poupar de um muito maior. Sou sua fã número 4! rsrsrs beijos